sexta-feira, 3 de junho de 2011

Os gêneros textuais na escola

Os gêneros textuais na escola
Fernanda Alves Gonzaga

               Atualmente, em revistas sobre práticas docentes e cursos pedagógicos discute-se muito sobre a necessidade de se ensinar gêneros textuais. Mas, o que é um gênero textual? Por que devemos ensiná-los aos nossos alunos? De que maneira devemos fazer isso?
               Primeiramente, quando se fala em gênero textual ocorre uma falsa associação a tipo de texto. L. A. Marcuschi (2005) faz uma distinção entre eles. Tipo textual deve designar as produções escritas e orais com características próprias conhecidas como narração, argumentação, descrição, injunção, exposição. Gênero textual, por sua vez, deve referir-se aos textos que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características próprias, com funções e estruturas específicas, adequadas ao contexto em que é produzido (piadas, anúncios, cartas, e-mails, histórias em quadrinhos, notícias, bulas, receitas culinárias, poesias, palestras, noticiários, etc.).
               Os gêneros textuais são aquisições feitas por grupos sociais no decorrer da história. Para Marcuschi, os gêneros textuais são fenômenos históricos ligados à vida cultural e social e ajudam a ordenar as atividades comunicativas do cotidiano das pessoas. Eles surgem de acordo com sua função na sociedade; seus conteúdos, seu estilo e sua forma estão sujeitos a essa função. Isso quer dizer que, conhecer um gênero não é apenas conhecer suas características formais, mas antes de tudo, entender a sua função e saber, desse modo, interagir adequadamente com os demais.
           Orais ou escritos, os gêneros não podem ser analisados de forma única, devido às diferenças essenciais existentes entre eles. Contudo, explorar apenas as características de cada gênero não faz com que ninguém aprenda escrever. Ao usar um gênero textual específico deve-se verificar se ele é adequado ao objetivo almejado e ao interlocutor em questão. Além disso, verificar se esse gênero possui forma e estruturas linguísticas apropriadas à situação de produção.
           Enfim, é necessário trabalhar com gêneros textuais na escola, durante as aulas de Língua Portuguesa e de outras matérias da grade escolar, porque vivendo em uma sociedade rodeada de textos orais e escritos, nos comunicamos e interagimos com as outras pessoas também através deles. A pessoa que não é capaz de reproduzir essa diversidade textual adequadamente, não conseguirá efetivar boa comunicação e interação social.

Sequência didática

           A forma mais apropriada para se ensinar gêneros textuais é através de sequências didáticas. Porém, o que é uma sequência didática e como levar o aluno a atingir o objetivo principal, que é reproduzir com eficácia o gênero textual proposto, através deste recurso didático? 
           As seqüências didáticas são um conjunto de atividades ligadas entre si, planejadas para ensinar um conteúdo, etapa por etapa. Organizadas de acordo com os objetivos que o professor quer alcançar para a aprendizagem de seus alunos, elas envolvem atividades de aprendizagem e avaliação. Através da sequência didática os alunos aprendem passo a passo a dominar um gênero de texto.
           Para trabalhar o gênero textual escolhido, o professor deve explorar diversos exemplares desse gênero, estudar suas características próprias e levar seus alunos a praticar diferentes aspectos de sua escrita antes de propor uma produção escrita final.
          
           Para realizar uma sequência didática eficaz para o ensino de gêneros textuais, o professor deve:
1.     Apresentar a proposta de produção do gênero textual escolhido. Deixar bem claro qual é o objetivo final com este trabalho (jornal mural, coletânea de poesias ou contos, elaboração de um caderno de receitas ou um diário, etc.) e a quem se dirigirá a produção.
2.     Avaliar o conhecimento prévio dos alunos sobre o gênero, dando-lhes oportunidade de revelar oralmente o que sabem.
3.     Apresentar o gênero escolhido através da leitura de alguns textos.
4.     Levantar hipóteses com os alunos sobre os elementos e características do gênero em estudo a partir dos textos lidos.
5.     Propor que os alunos escrevam um texto inicial do gênero, mesmo que imperfeito, para saber quais os aspectos desse gênero o professor precisa trabalhar mais.
6.     Planejar o ensino considerando o conhecimento que os alunos já têm sobre o gênero e as dificuldades apresentadas.
7.     Ampliar o repertório do aluno, trazendo mais textos do gênero para a sala.
8.     Organizar e sistematizar o conhecimento sobre o gênero, com estudo detalhado de seus elementos (a forma e a gramática), de sua situação de produção e da forma como esse gênero circula (num jornal ou num livro, por exemplo).
9.     Fazer uma produção escrita coletiva com a classe, tendo o professor como escriba, para que todos troquem conhecimentos e passem a dominar melhor o gênero estudado.
10.  Fazer uma produção escrita individual.
11. Fazer a revisão e a reescrita da produção individual, melhorando-a.
          
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclosdo Ensino Fundamental; Língua Portuguesa. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
DOLZ, J; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticaspara o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: Gêneros orais e escritos na escola. Campinas/SP: Mercado das letras, 2004.
MARCHUSHI, Luís Antônio. O hipertexto como uma novo espaço de escrita na sala de alula. In: AZEREDO, José Carlos de. Língua Portuguesa em debate: conhecendo o ensino. Petrópolis: Vozes,2000.
______. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, Angela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora. Gêneros textuais e ensino. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna,2002.
OLIVEIRA, M. E. de. Gêneros textuais e ensino. Dialogia, São Paulo, v. 8,n. 1, p.83-91,2009.

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