POVO HEROICO
Fernanda Alves Gonzaga
Nesta época de Copa do Mundo, o povo brasileiro retoma seu orgulho patriótico ao ouvir, ao início de cada jogo, o Hino Nacional brasileiro. Tão lindo, tão utópico! Entretanto percebemos, neste símbolo de nossa pátria, trechos que destoam da realidade nacional.
Logo nos primeiros versos “E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,/ Brilhou no céu da pátria nesse instante”... notamos que desde a época de nossa independência somos levados a acreditar nesta falsa ideia de liberdade. Opinião que nos foi imposta por uma minoria a quem o que importa é o controle do poder. É uma imagem ilusória de um Brasil igualitário, que não discrimina ninguém, onde todos possuem os mesmos direitos. Fato bem distante da realidade nacional na qual prevalece a corrupção e lei do mais forte.
O refrão “Dos filhos deste solo és mãe gentil,/Pátria amada/ Brasil!” retoma essa visão de que a nação brasileira protege seus filhos de todos os males, como uma mãe prestimosa que não admite nenhuma ofensa a sua prole. Ao passo que sabemos que isso está longe de atingir a realidade. O Estado brasileiro é uma mãe que prioriza os filhos ricos e rejeita os filhos pobres. É uma mãe desnaturada que ao invés de acolher, despreza os mais fracos e necessitados, aos quais sobrecarrega com pesados encargos.
Ao dizer “Gigante pela própria natureza,/ És belo, és forte, impávido colosso,/ o teu futuro espelha essa grandeza.” Compreendemos que nosso país terá um grande futuro, com muito desenvolvimento e riquezas. Mas, será que poderemos dizer que todos os brasileiros se beneficiarão deste futuro fulgurante? Será que algum dia poderemos ver neste “espelho” uma pátria fraterna, igualitária e com liberdade a todos?
Cremos que sim, pois mesmo na utopia ainda há esperança. “Brasil, um sonho intenso, um raio vívido/ De amor e de esperança à terra desce”. Se esperarmos para ver, provavelmente essa esperança não se concretizará. Contudo, se este “povo heroico” lutar, “conseguiremos conquistar com braço forte” nossos direitos que em geral beneficia somente alguns filhos mais abastados. Façamos o que nos exorta o trecho “Mas, se ergues da justiça a clava forte,/ Verás que um filho teu não foge à luta...” Lutemos por nossos direitos.
Que o “verde-louro” de nossa bandeira represente para todos os brasileiros não só a pátria de chuteiras, mas a pátria da igualdade, das oportunidades, da cultura e educação. Ao invés dessa cultura do “pão e circo”, reivindiquemos tudo aquilo que afirma nosso Hino Nacional e decreta nossa constituição atual em seu Art. 5º “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...”. Que possamos realmente cantar com convicção e orgulho: “Terra adorada,/ Entre outras mil,/És tu, Brasil,/Ó Pátria amada”.
Vianópolis, 05 de Junho de 2014
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